"La vie en rose"  foi definitivamente um dos melhores filmes que tive oportunidade de ver ultimamente. O filme aborda a história de Edith Piaf , desde a sua infância à glória, das vitórias às derrotas e ao sofrimento. Um filme que desvenda a vida e a alma de uma artista, de uma mulher frágil, intensa e indestrutível e com uma voz imortal.

Até aqui, nada de mais, nada de inovador ou destacável , não fosse a excelente interpretação da actriz francesa Marion Cotillard . Para mim este papel foi mais do que uma simples interpretação, foi o encarnar de uma personagem, em toda a sua essência . Uma transfiguração. Notável , sem dúvida! Nunca o Óscar de melhor actriz foi tão bem atribuído .

Outro aspecto que me atraiu no filme foi o facto de apesar de se tratar da história de uma grande artista, o filme ser cru, frio e desprovido de artefactos "hollywoodescos ", de grandezas, glamour, cor, brilho e luminosidade que caracterizam as produções criadas à volta de grandes personalidades. "La vie en rose" é um filme verdadeiro, sem "artimanhas", que mostra a realidade como ela de facto o é, nua, crua e dura. Um pormenor apenas possível no cinema europeu.

A visão do criador desta obra de arte consegue transportar o público para além da Edith ,da figura franzina e débil, que não foi capaz de conter tamanho talento, tendo aos 48 anos, acabado por ser vitima dos seus próprios excessos. Transporta-nos para a essência de todos nós, as paixões da alma , as obsessões, os vícios, o medo da morte, da solidão, de terminarmos sozinhos. Mostra-nos o lado degradante inerente ao facto de sermos humanos.

Para mim, o filme é simplesmente arrebatador...